terça-feira, 10 de outubro de 2017

LUIS DOURDIL 1914 - 1989


"e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume 
e na fria lava da noite ensinas ao corpo 
a paciência o amor o abandono das palavras 
o silêncio 
e a difícil arte da melancolia"

Al Berto




Pintura Mural (Fragmento) Café Império em Lisboa.

Um dos seus trabalhos de referência, o mural do Café Império, foi devolvido à cidade, após um cuidado restauro, no ano que se celebrou o seu centenário 2014/2015.
 Com uma área de 48m2, o mural é uma monumental obra decorativa executada a têmpera, no ano de 1955. Representa uma série de “conversações” num mesmo plano, revelando um notável sentido de composição e de ritmo, aliando, num raro equilíbrio, a pura linguagem da cor e um subtil jogo de transparências abstracionista.


Dourdil dialogava constantemente com os s/quadros, num processo que ele descrevia da seguinte forma: 
“Preciso de parar constantemente de pintar para poder proporcionar e receber as sugestões que o quadro me vai dando à medida que nele avanço”.

Atravessando quase todo o século XX, é bastante vasta a galeria das obras de Luis Dourdil que regista uma vida inteira dedicada ao desenho e à pintura, expressão plástica que o artista definiu como: “Uma tela não está pintada por estar toda “tintada”, está, sim, quando, compositivamente, as formas nela definidas pela cor pelo desenho se harmonizam entre si e exprimem o que o pintor nos quis comunicar”.

Sobre a obra deste pintor, escreveu Rui Mário Gonçalves: “Nos seus quadros ricos de transparência, sente-se uma passagem perfeita dos primeiros aos últimos planos, e atinge-se o acordo entre a figura humana e a envolvência atmosférica numa harmonia tão íntima num equilíbrio tão justo, que deixa de ser necessário o contorno que individualiza a figura, para que seja amortecido o rigor do contacto entre o sólido e o fluído”.

Também Raul Rego o caracterizou: 
“Era uma sensibilidade extraordinária, o Luís Dourdil; e como essa sensibilidade se aliava a grandes conhecimentos de arte e ao domínio inteiro da técnica, em particular do desenho, o Dourdil tinha todas as condições para ter sido um nome de primeiro plano na Arte Portuguesa do nosso tempo. O seu desenho tem uma leveza e, ao mesmo tempo, uma força que marcam a personalidade do artista”.


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